Conforme o padre católico e filósofo José Eduardo de Oliveira e Silva, a reflexão sobre batismo e identidade cristã nos convida a mergulhar nas raízes do que significa ser verdadeiramente filho de Deus. No seio da fé católica, o batismo não é apenas um rito de passagem ou tradição cultural: é o sacramento que nos incorpora ao Corpo de Cristo, nos configura como membros da Igreja e nos torna, pela graça, filhos adotivos do Pai. A partir da Tradição, do Magistério e da Sagrada Escritura, compreendemos que a dignidade cristã nasce da água e do Espírito, transformando radicalmente a condição do ser humano diante de Deus.
Redescubra a grandeza do seu chamado batismal — aprofunde-se no mistério que te tornou filho de Deus e viva com plenitude a identidade cristã recebida nas águas do batismo.
O que o batismo significa na fé católica?
O batismo e identidade cristã estão intimamente ligados porque este sacramento é a porta de entrada para a vida nova em Cristo. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 1213), o batismo é “o fundamento de toda a vida cristã”, o que significa que é nele que o ser humano renasce para a graça, tornando-se participante da natureza divina. Pela imersão na água e pela invocação da Santíssima Trindade, o batizado é purificado do pecado original e recebe uma identidade nova: filho de Deus, membro da Igreja e templo do Espírito Santo.
Na teologia católica, o batismo imprime um caráter espiritual indelével, o que significa que marca a alma de forma permanente. Segundo Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva, essa verdade revela que nossa identidade cristã não é algo meramente exterior ou cultural, mas ontológica, ou seja, transforma o nosso próprio ser. A Bíblia confirma isso com clareza: “Vós todos que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Gl 3,27). Assim, o batismo nos une ao Senhor de modo pessoal e comunitário, estabelecendo um vínculo inseparável entre o cristão e o Salvador.
O batismo nos torna realmente filhos de Deus?
Na fé católica, não se trata apenas de uma linguagem simbólica: o batismo realmente nos faz filhos de Deus. A Bíblia afirma: “A todos os que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que creem no seu nome” (Jo 1,12). Isso não elimina o fato de que todos são criaturas de Deus, mas marca uma diferença qualitativa: o batizado participa da filiação divina de forma sobrenatural, como filho adotivo em Cristo. A teologia da Igreja ensina que essa filiação é verdadeira, embora distinta da filiação natural do Filho eterno.

Como destaca o católico Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva, a identidade de filhos de Deus não é um status meramente espiritual: ela implica missão. Como filhos, somos chamados a viver como tais — praticando a caridade, defendendo a fé, obedecendo aos mandamentos e participando da vida eclesial. O batismo, portanto, não apenas nos dá uma dignidade, mas também nos envia ao mundo como discípulos e missionários, convocados a testemunhar, com a vida, a verdade do Evangelho.
Como viver, na prática, a identidade cristã recebida no batismo?
Viver o batismo e identidade cristã no cotidiano exige consciência, coerência e compromisso. Em primeiro lugar, é necessário recordar que o batismo nos inseriu numa comunidade: a Igreja. Por isso, participar ativamente da vida paroquial, dos sacramentos, da liturgia e das iniciativas pastorais é uma forma concreta de viver essa pertença. Não somos cristãos solitários, mas membros vivos do Corpo de Cristo, chamados à comunhão com Deus e com os irmãos.
Além disso, a identidade batismal se manifesta nas escolhas diárias. Ser cristão implica um modo de viver distinto, inspirado no Evangelho, iluminado pela Tradição e fortalecido pela graça sacramental. Em um mundo que frequentemente relativiza a verdade e promove valores contrários à fé, o batizado é chamado a ser sinal de contradição, testemunhando com coragem a ética cristã na família, no trabalho, na política, na cultura e em todos os espaços da sociedade.
Por fim, o filósofo Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva ressalta que a vida espiritual é o solo onde floresce a identidade cristã. Sem oração, sem escuta da Palavra de Deus, sem devoção à Virgem Maria e sem amizade com os santos, a consciência da própria filiação pode enfraquecer. Por isso, é urgente cultivar um coração orante, humilde e aberto à ação do Espírito Santo. O batismo é um dom eterno, mas precisa ser alimentado por uma vida de fé que corresponda, com amor, à graça recebida.
Autor: Mibriam Inbarie