A energia hidrelétrica tem sido, historicamente, a principal fonte de geração elétrica no Brasil, responsável por uma parcela significativa da matriz energética nacional. Segundo o administrador de empresas Fernando Trabach, embora seja considerada uma fonte renovável, a produção de energia por meio de grandes usinas hidrelétricas impõe sérios impactos ambientais e sociais que precisam ser avaliados com mais profundidade.
Nos últimos anos, o debate em torno da sustentabilidade das hidrelétricas se intensificou, impulsionando o crescimento de outras fontes renováveis consideradas mais limpas e de menor impacto, como a energia solar, a eólica e a biomassa. A transição para uma matriz energética mais equilibrada exige repensar o papel das hidrelétricas e apostar em soluções alternativas que respeitem o meio ambiente e as comunidades envolvidas.
Os principais impactos ambientais das hidrelétricas
Embora não emitam gases de efeito estufa durante a geração de eletricidade, as usinas hidrelétricas geram diversos impactos ambientais desde sua construção. A formação de grandes reservatórios provoca o alagamento de extensas áreas de vegetação nativa, resultando na perda de biodiversidade, alteração de habitats aquáticos e terrestres e deslocamento de comunidades ribeirinhas e indígenas.

Fernando Trabach destaca que, em regiões tropicais como a Amazônia, as áreas alagadas pelas represas geram emissões significativas de metano — um dos gases mais potentes em termos de aquecimento global — devido à decomposição da matéria orgânica submersa. Esse fenômeno compromete o argumento de que a energia hidrelétrica é isenta de impacto climático.
Além disso, as hidrelétricas alteram o curso natural dos rios, modificando ciclos ecológicos, reduzindo a vazão de trechos a jusante e afetando negativamente a pesca, o abastecimento de água e a fertilidade dos solos agrícolas em áreas próximas.
Alternativas renováveis com menor impacto ambiental
Diante dos desafios ambientais das hidrelétricas, outras fontes de energia renovável têm se destacado por oferecer menor interferência nos ecossistemas. Entre elas, a energia solar fotovoltaica é a mais promissora para o contexto urbano e rural. A instalação de painéis solares em telhados ou áreas já degradadas evita desmatamentos, alagamentos e conflitos fundiários.
A energia eólica também tem ganhado protagonismo no Brasil, especialmente no Nordeste, onde os ventos constantes e de qualidade elevada favorecem a produção em larga escala. Diferentemente das hidrelétricas, os parques eólicos não exigem grandes alterações no relevo ou no uso do solo, e a terra pode continuar sendo utilizada para agricultura e pecuária.
Fernando Trabach observa que, além de apresentarem menor impacto ambiental, essas fontes podem ser implantadas de forma descentralizada, aproximando a geração do consumo e reduzindo perdas na transmissão.
Biomassa, biogás e outras fontes emergentes
Outras alternativas sustentáveis incluem o uso de biomassa e biogás, especialmente em regiões agrícolas. A biomassa utiliza resíduos vegetais, como bagaço de cana e casca de arroz, para gerar energia térmica e elétrica. Já o biogás é produzido a partir da decomposição de resíduos orgânicos, como esterco e restos de alimentos, sendo uma solução eficaz para o tratamento de resíduos e a geração de energia simultaneamente.
Essas fontes, quando bem geridas, possuem baixa emissão de carbono e podem gerar empregos locais, promovendo o desenvolvimento sustentável de comunidades rurais. Segundo Fernando Trabach, o Brasil possui grande potencial para expandir o uso dessas alternativas, aproveitando sua diversidade agrícola e a grande produção de resíduos orgânicos.
Microrredes e geração distribuída como soluções sustentáveis
Um caminho promissor para minimizar impactos ambientais é a adoção de modelos de geração distribuída e o desenvolvimento de microrredes. Esses sistemas permitem que pequenas unidades — residências, empresas ou comunidades — gerem sua própria energia renovável, reduzindo a necessidade de grandes empreendimentos centralizados.
A geração distribuída reduz a demanda por novas hidrelétricas, evita a construção de extensas linhas de transmissão e favorece a autonomia energética local. Além disso, esses modelos podem ser combinados com sistemas de armazenamento e tecnologias de redes inteligentes, otimizando o uso da energia produzida.
Fernando Trabach ressalta que a combinação entre geração distribuída, armazenamento e digitalização da rede elétrica representa um caminho sustentável e democrático para atender às necessidades energéticas da população.
Rumo a uma matriz mais limpa e equilibrada
O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo, mas é preciso evoluir para um modelo que considere não apenas a fonte da energia, mas também os impactos do processo de produção e distribuição. O debate sobre a sustentabilidade das hidrelétricas é fundamental para repensar prioridades e investir em alternativas de menor impacto.
Com políticas públicas bem estruturadas, incentivos financeiros e planejamento integrado, é possível acelerar a transição para uma matriz energética mais limpa, resiliente e justa. Conforme afirma Fernando Trabach, essa transformação precisa ser guiada por critérios técnicos, ambientais e sociais, garantindo que o desenvolvimento energético esteja alinhado com os objetivos climáticos e com o respeito às comunidades e ao meio ambiente.
Autor: Mibriam Inbarie